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#04

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capítulo 1 Sexo é tabu? 





A humanidade tem um longo histórico de repressão sexual, e essa repressão é ainda mais intensa sobre corpos de pessoas que nascem com vulva. Desde cedo, meninas são criadas para esconderem o sexo e não se tocarem – e isso se dá não somente como forma de proteção, mas principalmente como controle do corpo por alguém de fora. Essa privação se reflete na vida adulta, e muitas mulheres seguem se autocensurando e entendendo o sexo como tabu. Não somente as práticas sexuais, mas o simples fato de pensar em sexo acaba sendo reprimido. É isso que mostra uma pesquisa publicada no Journal of Sex Research*, que apontou que, em média, homens pensam sobre sexo entre 18 e 388 vezes por dia, já as mulheres pensam somente de 10 a 140 vezes.

O tabu com relação ao sexo causa desconhecimento acerca do próprio corpo, do funcionamento do órgão sexual e das zonas erógenas e, obviamente, isso tudo gera desconforto e insegurança e interfere na satisfação sexual. Não é fácil desmistificar tabus tão enraizados, principalmente quando é preciso separar bem-estar sexual e naturalização dos corpos de pornografia. Por exemplo, as principais redes sociais até hoje entendem palavras ligadas ao sexo, como os nomes das genitálias e a própria palavra “sexo” como uma ameaça. Partes de corpos femininos, como os seios, são censurados. Entendemos a importância de não perpetuar a exploração dos corpos, do mesmo modo que entendemos que é fundamental desmistificar a sexualidade.

Naturalizar o sexo passa por tornar as conversas sobre sexo mais naturais, fluidas, leves, sem julgamentos. E essa foi uma das propostas da pantynova desde a nossa criação. Acreditamos que, nesse sentido, ao longo de quase 5 anos, estamos desempenhando um importante papel nas redes sociais e nas ações de marketing on e offline. Mesclando conteúdo informativo com humor, memes, referências do universo pop e outros elementos, ampliamos os espaços de conversa e contribuímos para quebrar tabus referentes ao sexo e à busca por prazer. Por essa razão, ficamos felizes em ver que as pessoas estão mais à vontade para pesquisar e falar sobre sexo.


74% das pessoas responderam que se sentem à vontade para falar sobre o sexo com os amigues. O número é ainda maior entre casais: quando estão em um relacionamento, 87% dizem estar confortáveis para falar sobre sexo e masturbação.

E não para aí, a galera está bem curiosa! 79% das pessoas afirmam estar super abertas para tentar novas experiências sexuais.
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Quem são
essas pessoas?


Estudos anteriores apontaram que o gênero tem papel importante na maneira como as pessoas lidam com a sua sexualidade, por isso fomos mais fundo e questionamos: esse pessoal todo que está à vontade para falar de sexo,

quem são?



Pessoas que não se identificam com gênero masculino nem feminino se destacam entre as que se sentem mais à vontade para falar sobre o tema. Ainda assim, o número de mulheres cis é grande e fica só um pouquinho atrás de homens cis. No entanto, quando o assunto é falar sobre sexo com amigos o papo muda, e as mulheres cis estão mais confortáveis que os homens cis.





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Mas precisamos falar ainda mais sobre sexo…


Há um consenso entre os correspondentes que sim, precisamos falar sobre sexo. 95% das pessoas acreditam que falar sobre o tema impacta positivamente a sociedade; e 75% acham que é importante falar sobre sexo e masturbação com pessoas próximas.

…apesar do senso comum, apenas 43% das pessoas tiveram educação sexual.


Os que tiveram educação sexual relataram que os temais mais abordados foram gravidez, como o sexo acontece, prevenção de doenças, puberdade e anatomia genital. Já os assuntos menos falados foram consentimento sexual, assédio e violência sexual, masturbação e diversidade. Ou seja, assuntos fundamentais para relacionamentos interpessoais saudáveis e para o autoconhecimento e a autoaceitação ainda ficam de fora da grade curricular convencional.

A psicanalista Joana Waldorf pontua que muitos tabus relacionados ao sexo vêm desde a Era Vitoriana e que, de certo modo, persiste e se transforma ao longo dos tempos.

“Essa época ficou conhecida como uma das que mais se criou leis e regras de etiqueta de repressão sexual, em especial no que concerne às mulheres cisgêneras. Algumas partes do corpo da cintura para baixo nem chegavam a ser nomeadas. Essas mulheres, na sua grande maioria, tomavam banho de roupa, para evitar o contato com o próprio corpo. Por outro lado, apesar da enorme repressão, nesse período também houve uma enorme produção cientifica sobre sexo.

Na década de 60, com a Revolução Sexual, houve uma libertação sobre certos comportamentos normativos, discutia-se a possibilidade dos desvios de uma heterossexualidade e monogamia compulsória, e também sobre aborto entre outras questões que envolviam restrições sobre o sexo. Podemos entender que atualmente há um deslocamento de algumas regras e talvez faça mais sentido pensar não se o sexo é ou não um tabu, e sim, qual tabu?”